25 maio, 2011

O VALOR PEDAGÓGICO DA CONFISSÃO, PALESTRA PROFERIDA PELO PAPA BENTO XVI

No nosso tempo caracterizado pelo barulho, pela distração e pela solidão, o diálogo do Penitente com o confessor pode representar uma das poucas, se não a única ocasião para ser escutado verdadeiramente, e em profundidade.
“Desejo meditar convosco sobre um aspecto às vezes não suficientemente considerado, mas de grande relevância espiritual e pastoral: o valor pedagógico da confissão sacramental. Se é verdade que é sempre necessário salvaguardar a objetividade dos efeitos dos Sacramentos e a sua correta celebração, segundo as normas do Rito da Penitência, não é inoportuno ponderar sobre quanto ele pode educar a fé, tanto do ministro quanto do penitente. A disponibilidade fiel e generosa dos sacerdotes à escuta das confissões, segundo o exemplo dos grandes santos da história, de São João Maria Vianney a São João Bosco, de São Jose Maria Esquivá a São Pio de Pietrelcina, de São José Cafasso a São  Leopoldo Mandié, indica-nos todos como o confessionário pode ser um lugar de santificação.
Contemplar a Obra de Deus misericordioso na história
De que modo o Sacramento da Penitência educa? Em que sentido a sua celebração tem um valor pedagógico, em primeiro lugar para os ministros? Poderíamos começar a partir do reconhecimento de que a missão sacerdotal constitui um ponto de observação singular e privilegiado do qual, cotidianamente, nos é concedido contemplar o esplendor da Misericórdia divina.   Quantas vezes, na celebração do Sacramento da Penitência, o presbítero assiste a verdadeiros milagres da conversão, que renovando o “encontro com um acontecimento, com uma Pessoa” (Deus caritas est, n.1), fortalecem a sua própria fé.   No fundo, confessar  significa  assistir a tantas “professiones fidei” quantos são os penitentes, e contemplar a obra de Deus misericordioso  na história, ver concretamente os efeitos salvíficos da Cruz e da Ressurreição de  Cristo, em todos os tempos e para cada homem.   Não raro, somos postos diante de verdadeiros dramas existenciais, que não encontram uma resposta nas palavras dos homens, mas são abraçados e assumidos pelo Amor Divino, que perdoa e transforma. “Mesmo que os nossos pecados fossem vermelhos como a púrpura, ficariam brancos como a neve”! (Isaias,1,18).    Conhecer, e de certo modo, visitar o abismo  do  coração humano, até nos aspectos mais obscuros, se por um lado se põe à prova a  humanidade e a fé do próprio sacerdote, por outro, alimenta nele,  a certeza de que  a última palavra sobre o mal do homem e da História é de Deus, é da sua Misericórdia, capaz de renovar todas as coisas (cf.Ap.21,5).
Profundas lições de humildade e de fé
Depois, quanto pode aprender o sacerdote de penitentes exemplares pela sua vida espiritual, pela seriedade com que realizam o exame de consciência, pela transparência no reconhecimento do pecado pessoal e pela docilidade ao ensinamento da Igreja e às indicações do confessor! Da admin istração do Sacramento da Penitência podemos receber profundas lições de humildade e de fé. É uma exortação muito forte para cada sacerdote à consciência da própria identidade. Só em virtude da nossa humanidade, poderíamos ouvir as confissões dos irmãos! Se eles nos procuram , é somente porque somos presbíteros, configurados com Cristo Sumo e Eterno Sacerdote, e tornados capazes de agir no seu Nome e na sua Pessoa, tornar realmente presente Deus que perdoa, renova e transforma. A celebração do Sacramento da  pobreza de sua pessoa, e alimenta nele a consciência da identidade sacramental.
                QUAL O VALOR PEDAGÓGICO DO SACRAMENTO DA PENITÊNCIA PARA OS PENITENTES?  - “Devemos admitir previamente que ele depende, antes de tudo, da obra da GRAÇA e dos efeitos objetivos do sacramento da alma do fiel. Certamente, a Reconciliação sacramental é um dos momentos em que a liberdade pessoal e a consciência de si são chamadas a manifestar-se de modo particularmente evidente. Talvez seja por esse motivo que numa época de relativismo e de uma consciência consequentemente atenuada do próprio ser, se debilitou inclusive a prática sacramental. O exame de consciência tem um importante valor pedagógico: ele educa a considerar com seriedade a própria existência, a confrontá-la com a Verdade do Evangelho e a avaliá-la com parâmetros não apenas humanos, mas conferidos pela Revelação divina. O confronto com os Mandamentos, com as Bem-Aventuranças e, principalmente, com o Preceito do Amor, constitui a primeira grande “escola penitencial”.                                                                                No nosso tempo, caracterizado pelo barulho, pela distração e pela solidão, o diálogo do penitente com o confessor pode representar uma das poucas, se não a única ocasião para ser escutado verdadeiramente, e em profundidade. Diletos sacerdotes não deixem de reservar o espaço oportuno para o exercício do ministério da Penitência no confessionário: ser acolhido e escutado constitui inclusive um sinal humano do acolhimento e da bondade de Deus em relação aos seus filhos. Além disso, a confissão integral dos pecados educa o penitente para a humildade, o reconhecimento da sua fragilidade pessoal e, ao mesmo tempo, para a consciência da necessidade do perdão de Deus e a confiança de que a Graça divina pode transformar a sua vida. Do mesmo modo, a escuta das admoestações e dos conselhos do confessor é importante para o juízo sobre os atos, para o caminho espiritual e para a cura interior do penitente. Não podemos esquecer quantas conversões e quantas existências realmente santas começaram num confessionário! O acolhimento da penitência e a escuta das palavras ”absolvo-te dos teus pecados” representam, enfim, uma autêntica escola de amor e de esperança, que orienta para a plena confiança em Deus Amor, revelado em Jesus Cristo, para a responsabilidade e o compromisso da conversão contínua. “Caros sacerdotes, o fato de sermos nós os primeiros a experimentarmos a misericórdia divina e de sermos os seus instrumentos humildes, educa-nos para uma celebração cada vez mais fiel do Sacramento da Penitência e para uma profunda gratidão a Deus, que “nos confiou o ministério da conciliação” (I Cor 5,18) À Bem-Aventurada Virgem Maria, Mater Misericordiae e Refúgium peccatorum, conThem Crooked Vulturesfio os frutos do vosso curso sobre o Foro Interno e o ministério de todos os Confessores, enquanto vos abençoo com grande afeto.”
Discurso proferido pelo Santo Papa aos participantes no Curso promovido pela Penitenciária Apostólica, em 25/03/2011, cuja íntegra pode ser encontrada em www.vatican.va
Matéria captada por Maria Jose, Ir. Maria Aparecida.

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Postado por Fatima Freitas